20/10
2017
O mês de outubro tem uma data bem importante no que concerne a conscientização a respeito de uma ordem de mamíferos, geralmente, muito temida pela população: os morcegos. Em 1º de outubro comemora-se o Dia Internacional do Morcego. A data foi criada pela Rede Latino Americana e do Caribe, com a intenção de mostrar às pessoas o papel dos morcegos na natureza. Visando desmistificar a figura desse animal, o Centro de Conservação e Manejo de Fauna (Cemafauna Caatinga) está com programação especial para proporcionar maior conhecimento sobre esse mamífero, como já fora anteriormente divulgado.
“O foco agora é falar mais a respeito desse animal silvestre, sobre seus hábitos, principais características e também o que fazer em caso de encontrar indivíduos ou até mesmo uma colônia em algum ambiente urbano habitado. Para conservar é preciso conhecer, e muitas pessoas desconhecem o papel fundamental que os morcegos desempenham na natureza”, afirma a bióloga Cibele Zanon, do Laboratório de Mastozoologia do Cemafauna.
No Brasil os quirópteros contam com 180 espécies. Em sua maioria, os morcegos são insetívoros, chegando a consumir até 500 insetos em uma só noite, o que proporciona que sejam considerados eficientes controladores biológicos. Potenciais dispersores, os morcegos frugívoros quando se alimentam de frutos os retiram de uma planta, voando para outros locais e durante esse processo pode ocorrer tanto a queda do fruto, quanto também o descarte das sementes no forrageio ou defecação em voo, contribuindo na dispersão de mais de 100 espécies de plantas. Outro ponto a ressaltar é que morcegos polinívoros/nectarívoros ao introduzirem sua face alongada nas flores em busca de pólen e néctar ficam repletos de pólen, ajudando assim na fecundação das plantas.
Dessas 180 espécies, somente três são hematófagas (Desmodus rotundus, Diphylla ecaudata e Diaemus youngi), ou seja, se alimentam de sangue e estão restritas ao continente americano. Os morcegos sanguívoros apresentam características únicas relacionadas ao hábito alimentar com incisivos superiores longos e altamente cortantes, saliva com substância anticoagulante, lábio inferior e língua sulcados, o que facilita a tomada de alimento. O morcego D. rotundus alimenta-se, principalmente, do sangue de mamíferos de grande porte, mas em função da produção em larga escala de gado, a espécie passou a incluir em sua dieta sangue de animais de criação, como bovinos, equinos e suínos e, ocasionalmente seres humanos, cachorros e aves. Ele é considerado o principal vetor silvestre da raiva e também está envolvido na transmissão da raiva humana, embora o potencial transmissor da doença para seres humanos, a partir dos morcegos, seja baixo. Diphylla ecaudata e Diaemus youngi preferem o sangue das aves e apesar de estarem amplamente distribuídas são consideradas pouco abundantes.
Morcegos e raiva – Todos os mamíferos são suscetíveis ao vírus da raiva e, portanto, podem transmití-la. Assim como cães e gatos domésticos, os morcegos e outros mamíferos silvestres como macacos, guaxinins, cachorros-do-mato, também podem ser potenciais transmissores do vírus da raiva, uma zoonose viral que ataca o sistema nervoso, mas os sintomas diferem entre animais e humanos. Em relação aos morcegos, apesar de terem hábitos crepúsculo-noturno, podem ser encontrados durante o dia, em hora e locais não habituais
Considerando os animais silvestres, há poucos estudos sobre o período de transmissibilidade, que pode variar de acordo com a espécie. Por exemplo, os quirópteros podem albergar o vírus por longo período, sem sintomatologia aparente. A transmissão da raiva se dá pela penetração do vírus contido na saliva do animal infectado, principalmente pela mordedura, arranhadura, lambedura de mucosas.
Em caso de acidente com morcegos as medidas a serem adotadas podem ser conferidas no ‘Blog da Saúde’ (Governo Federal) ou ainda no Disque 136.
Fotos - Talita Rosa e Karlla Rios
Fonte: Jaquelyne Costa/Ascom CemafaunaNossa atuação
O Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga, sediado em Petrolina-PE, atua em todo o semiárido nordestino do Brasil, abrangendo uma área de 982.563,3 km². Além de contemplar os diversos municípios impactados pelo Projeto de Integração do São Francisco (PISF) nos estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte, o Centro desempenha um papel fundamental na reabilitação de animais silvestres. Essas ações de conservação ex situ são realizadas em sua unidade do CETAS, onde animais provenientes das atividades de supressão do PISF e das operações de combate ao tráfico de fauna, conduzidas por órgãos municipais, estaduais e federais, são acolhidos e cuidados.
São 12 anos de monitoramento. Este é um monitoramento de fauna, de longa duração, realizado na Caatinga Sensu Stricto por nossos analistas ambientais e pesquisadores.
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Campus Ciências Agrárias, BR 407, Km 12, lote 543, Projeto de Irrigação Nilo Coelho - S/N C1 CEP. 56.300-000, Petrolina - Pernambuco - Brasil - www.cemafauna.univasf.edu.br
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