26/09
2024
Desde 2021, o Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga (Cemafauna) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) de Petrolina tem conduzido um trabalho pioneiro em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), envolvendo o monitoramento de abelhas em áreas de conservação. O projeto conta com a colaboração do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE) e do Centro de Biodiversidade do Cerrado (CBC), duas importantes instituições de conservação ligadas ao ICMBio.
De acordo com a pesquisadora do Cemafauna, Aline Andrade, o foco do projeto é o monitoramento das abelhas em dois ecossistemas cruciais: as Unidades de Conservação da Ararinha Azul e o Parque Nacional do Boqueirão da Onça, ambos na Caatinga. “A pesquisa busca identificar as espécies de abelhas presentes, destacando as endêmicas e aquelas em risco de extinção. Além disso, o estudo também avalia como essas espécies variam ao longo das estações seca e chuvosa, fornecendo dados essenciais sobre a conservação dos polinizadores”, destacou Aline.
No caso das áreas de preservação da Ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), o projeto vai além do monitoramento. Ele também realiza o manejo de abelhas africanizadas, que competem por cavidades em árvores com aves da família dos psitacídeos, como papagaios, maracanãs e a própria Ararinha-azul. O manejo evita que essas abelhas ocupem os locais que poderiam ser usados pelas aves para nidificação (construir ninhos), garantindo a preservação das espécies ameaçadas.
Outro aspecto fundamental dessa iniciativa é a sensibilização das comunidades locais, conforme reforça a coordenadora do Cemafauna, Patrícia Nicola. “Em agosto deste ano, o Cemafauna iniciou oficinas com os moradores das unidades de conservação da Ararinha-azul, abordando temas como a alfabetização ecológica. As oficinas discutem as mudanças climáticas no chamado ‘novo árido’, os impactos na biodiversidade e na segurança alimentar, além da relevância das abelhas para a produção de alimentos e a manutenção dos ecossistemas”, ressaltou Patrícia.
As oficinas destacam a Meliponicultura, que envolve a criação de abelhas nativas sem ferrão, e ensinam as comunidades sobre os benefícios de produtos como mel, própolis e pólen para a biodiversidade e o desenvolvimento sustentável. Em outubro, haverá a distribuição de caixas para a criação de abelhas, com capacitações para o manejo. Além disso, as atividades lúdicas com crianças incentivam o contato com as colônias de abelhas, promovendo o engajamento das novas gerações na conservação. Essa iniciativa é um marco na união de ciência, sustentabilidade e conservação no sertão.
Nossa atuação
O Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga, sediado em Petrolina-PE, atua em todo o semiárido nordestino do Brasil, abrangendo uma área de 982.563,3 km². Além de contemplar os diversos municípios impactados pelo Projeto de Integração do São Francisco (PISF) nos estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte, o Centro desempenha um papel fundamental na reabilitação de animais silvestres. Essas ações de conservação ex situ são realizadas em sua unidade do CETAS, onde animais provenientes das atividades de supressão do PISF e das operações de combate ao tráfico de fauna, conduzidas por órgãos municipais, estaduais e federais, são acolhidos e cuidados.
São 12 anos de monitoramento. Este é um monitoramento de fauna, de longa duração, realizado na Caatinga Sensu Stricto por nossos analistas ambientais e pesquisadores.
Conheça nossos produtos, publicações exclusivas sobre a Caatinga e obtenha maiores informações acessando a nossa loja virtual!
Campus Ciências Agrárias, BR 407, Km 12, lote 543, Projeto de Irrigação Nilo Coelho - S/N C1 CEP. 56.300-000, Petrolina - Pernambuco - Brasil - www.cemafauna.univasf.edu.br
Fundação Universidade Federal do Vale do São Franscisco